Quando
o objectivo é melhorar a fluência, a percepção inicial é a de que intervenção
em Terapia da Fala com adultos é menos promissora do que a efectuada com
crianças.
Em
geral, isto é um facto, visto que as crianças ainda estão numa primeira fase e
podem ter a possibilidade de uma recuperação natural ou de atenuar a sua
disfluência. Pelo contrário, os adultos já arranjaram os seus próprios
mecanismos, visto que têm vastos anos de comunicação com esta perturbação
associada, o que torna estas técnicas mais rígidas e difíceis de modificar.
É
ainda importante ter em conta que estes anos de vida com esta perturbação
trouxeram consequências ao indivíduo adulto relativamente à sua percepção de
capacidade comunicativa. Esta percepção, muitas vezes, contamina a forma como a
pessoa se auto-avalia, afecta a auto-estima, e muitas vezes, origina um
sentimento de incapacidade em relação a qualquer actividade relacionada com
comunicação oral. A frustração e a baixa auto-estima, por vezes, acabam por
afectar diferentes actividades que não envolvem directamente a comunicação
oral. Tudo isto afecta também a vida social destes indivíduos, alguns reduzem
os seus contactos com medo da frustração de não conseguirem comunicar com eles
“correctamente”, outros, apesar de manterem os seus contactos, torturam-se,
evitando palavras que comecem com um som onde sabem que provavelmente vão gaguejar,
estando constantemente a afzer uma selecção de palavras.
Esta
auto-protecção, embora seja compreensível, complica mais a vida do individuo
com perturbação de gaguez, pois, sem haver um confronto de situações
desconfortáveis, tudo se torna cada vez menos familiar e mais embaraçoso.
O
facto de a sociedade em geral desconhecer a questão da gaguez complica a vida,
ainda mais, a indivíduos com esta perturbação. Muitas pessoas consideram a
gaguez engraçada, isso para além de demonstrar ignorância em relação á
perturbação de gaguez, perturba imenso quem sofre dela.
É
preciso notar que os conhecimentos mais fundamentados sobre gaguez são
recentes, dependeram dos avanços de algumas tecnologias, por isso é normal
haver ainda pouca experiência em anos anteriores em relação a esta perturbação.
A
intervenção em Terapia da Fala “não faz magia”, mas muitas vezes vai para além
da fala propriamente dita: é uma descoberta do processo de comunicação, de como
lidar com os mecanismos de fala mais efectivamente e de fortalecer a sua
auto-estima. Este é o propósito da Terapia, para uns mais fácil do que para
outros, mas recompensador para todos, desde que o indivíduo esteja ciente do
seu objectivo vendo que muito do trabalho vai para além dos exercícios e
actividades propostas, é um complemento dos vários mecanismos com ele próprio e
o meio à sua volta.